Mitos & Verdades

No intuito de prestar um serviço de orientação e esclarecimento, a Sociedade Brasileira de Reumatologia listou alguns mitos e descreve a realidade a respeito dos fatos.

Veja abaixo uma lista de mitos e as verdades sobre os fatos da Reumatologia:

Mito: “Reumatismo é doença de velho”.

Fato: Em primeiro lugar o termo “reumatismo” é um termo popular consagrado para se referir a alguma das muitas doenças que podem ter manifestações no sistema músculo esquelético. Além disso estas doenças podem ocorrer em qualquer faixa etária.

Mito: “Reumatismo ataca no frio”.

Fato: O ambiente mais frio apenas aumenta a sensibilidade e a percepção dolorosa levando o paciente a acreditar que a doença “atacou” por causa do frio.

Mito: “Reumatismo no sangue”.

Fato: Este é uma expressão criada há muitos anos pelos próprios médicos para aqueles pacientes com dor e alguma alteração nos exames laboratoriais (“exames de sangue”) sem que necessariamente houvesse doença.

Mito:”Exames para reumatismo”.

Fato: O termo “reumatismo” é vago como já foi mencionado acima. Os exames, quando solicitados, levam em consideração a queixa e o exame físico de cada paciente. A grande maioria deles é inespecífica e devem ser analisados com muito cuidado. Além disso muitos destes exames podem estar alterados em indivíduos saudáveis.

Mito: “FAN positivo, o paciente tem lupus”.

Fato: Este exame laboratorial geralmente é positivo no lupus eritematoso sistêmico. Contudo também pode estar presente em várias outras doenças, pelo uso de determinados medicamentos e até mesmo em pessoas saudáveis.

Mito: “Fórmula para reumatismo”.

Fato: Isto não exite. Cada doença tem seu esquema terapêutico definido. Esta tal “fórmula” geralmente consiste num coquetel de drogas com efeito paliativo e freqüentemente associado a uma grande quantidade de efeitos colaterais.

Mito: “Dor nas articulações significa reumatismo”.

Fato: Dor articular é uma manifestação clínica como outra qualquer. Pode estar presente em diversas patologias sem qualquer relação com “reumatismo”.

Mito: “Alimentos ácidos aumentam o ácido úrico”.

Fato: O ácido úrico é um produto do metabolismo de uma variedade de proteínas chamada purinas. Já os encontrados em frutas e alimentos são o ácido cítrico, o ácido ascórbico e o ácido acético. Tem em comum apenas o fato de serem ácidos.

Mito: “ASLO elevado indica reumatismo”.

Fato: Este exame laboratorial apenas indica presença de anticorpos contra uma bactéria chamada Streptococo. Pode estar elevado na maioria das infecções respiratórias, inclusive uma simples gripe, e permanecer elevado por muitos meses.

Fonte: Sociedade Brasileira de Reumatologia

Fibromialgia e Doenças Articulares Inflamatórias

A fibromialgia pode apresentar-se como um quadro isolado ou estar em associação a outras patologias reumáticas, em especial às doenças inflamatórias, como artrite reumatóide ou espondilite anquilosante. Quando ocorre esta associação há piora da capacidade e da qualidade de vida dos pacientes.

Ela está presente em até 10% dos pacientes com espondilite anquilosante e pode chegar a 20% dos pacientes com artrite reumatóide. Como a fibromialgia não é um distúrbio que cause inflamação, não há alteração dos exames laboratoriais destes pacientes.

No entanto, a fibromialgia provoca aumento da dor e piora do cansaço, fazendo com que o paciente acredite que sua doença está pior. Esse aumento das queixas faz com que o médico também ache que a artrite reumatóide ou a espondilite anquilosante estejam piores. No entanto, essas queixas podem ser apenas reflexos da presença da fibromialgia. Se o paciente e o médico não estiverem atentos a esta hipótese, é possível que seja indicado um tratamento mais intenso para a doença inflamatória, quando, na verdade, o tratamento deveria ser dirigido à fibromialgia.

Atualmente, os reumatologistas utilizam instrumentos para a avaliação dos pacientes com artrite reumatóide e espondilite anquilosante. Estes instrumentos avaliam como o paciente se sente em relação a sua doença e como está realizando as atividades do dia-a-dia. Da mesma forma, existem outros questionários que avaliam a opinião do médico sobre a doença, o resultado dos exames laboratoriais e o exame dos locais que estão inflamados (inchados) ou dolorosos ao exame físico.

No entanto, quando a fibromialgia está associada a estas doenças, pode atrapalhar a avaliação dos pacientes. Por exemplo, um paciente com artrite reumatóide e fibromialgia sente mais dor do que um paciente apenas com artrite reumatóide. Por isso, ele consegue fazer menos tarefas no dia-a-dia e seu estado de saúde é pior. O próprio exame físico pode estar alterado, pois o paciente sente mais dor ao ser examinado, dando a impressão de que a sua doença está pior. Apenas o número de juntas inchadas e os exames laboratoriais não são afetados pela presença da fibromialgia.

Portanto, se a fibromialgia estiver associada a outras doenças reumáticas, isso deve ser avaliado e considerado tanto pelo médico quanto pelo paciente. Estar atento a esta associação pode evitar que sejam feitos tratamentos desnecessários para a doença inflamatória e possibilita a abordagem específica da fibromialgia.

Essa situação pode ocorrer também em pacientes com artrose e síndrome de Sjögren (doença onde há secura de mucosas, como olho seco e boca seca). A presença de fibromialgia parece não afetar a avaliação dos pacientes com lúpus eritematoso sistêmico e esclerose sistêmica.

Comissão de Dor, Fibromialgia e Outras Síndromes Dolorosas de Partes Moles

Fonte: Sociedade Brasileira de Reumatologia

Reumatismos de partes moles (Tendinites, Bursites, Entesites)

A boa função do sistema músculo-esquelético depende da integridade de seus componentes (ossos, músculos e tendões, articulações, bursas e ligamentos). Quando um desses componentes não funciona bem, isso se reflete em dor e dificuldade de realizar os movimentos. No caso do Reumatismo de Partes Moles ou Reumatismo Extra-articular (fora das articulações), esses sintomas decorrem de lesão ou inflamação das estruturas que estão em volta das articulações (músculos, ligamentos, bursas, ênteses e tendões), resultando em bursites, tendinites, entesites e dor miofascial. Essas inflamações são habitualmente temporárias e não causam deformidade, mas podem se tornar crônicas.

Por que essas inflamações ocorrem?

Na maioria das vezes, a inflamação/lesão dessas estruturas ocorre devido a traumatismos locais. Esse traumatismo pode ocorrer como um acidente único e violento com lesão imediata, ou pode ser o resultado de traumas crônicos resultantes de vícios posturais ou ocupacionais.

O que são as bursites?

As bursas são pequenas bolsas com líquido dentro, que têm como função proteger os músculos e tendões do contato com o osso e facilitar o deslizamento entre as estruturas. As bursites (inflamação das bursas) podem ocorrer em diversos locais do corpo, mas as mais comuns são nos cotovelos, joelhos, ombros e quadris.

O que são as tendinites?

Os tendões são uma extensão dos músculos e sua função é de ligar os mesmos aos ossos. À semelhança das bursites, as tendinites (inflamação nos tendões), também podem ocorrer em diversas localizações, sendo as mais comuns nos dedos das mãos (especialmente do polegar), ombros e nádegas.

O que são as entesites?

As ênteses são locais de inserção de um ligamento ou músculo no osso, e também podem sofrer inflamação (entesites). Os locais mais comuns das entesites são os cotovelos (comum nos tenistas e golfistas), joelhos e pés (conhecido popularmente como esporão de calcâneo e habitualmente associado à inflamação também da fáscia plantar – mais conhecida como a fasceíte plantar).

O que é a dor miofascial?

Um outro tipo de Reumatismo de Partes Moles é a dor miofascial. Ela se caracteriza por dor localizada em qualquer músculo do corpo que se irradia com a palpação local. Esse quadro geralmente está associado a posturas viciosas e traumatismo por movimentos repetitivos. A manifestação mais comum é de dor na região cervical em cima dos ombros.

Como o diagnóstico dessas condições pode ser realizado?

O diagnóstico de todas essas condições é baseado na história trazida pelo paciente e exame clínico. Radiografias excluem anormalidades ósseas. Tendões, ligamentos e bursas não são visíveis em radiografias, no entanto o uso da ultra-sonografia e, mais recentemente da ressonância nuclear magnética trouxeram um grande auxílio na definição do local inflamado e no grau de inflamação da lesão

Como é realizado o tratamento?

O tratamento é baseado em repouso, medicação anti-inflamatória e fisioterapia (para alongamento e fortalecimento da musculatura da região afetada). Eventualmente, a critério do seu médico, a infiltração com corticóide pode ser bastante útil. A intervenção cirúrgica nesses casos é infreqüente.

Fonte http://reumatologia.org.br

Artrite Reumatóide

 O que é?

A Artrite Reumatóide (AR) é uma doença inflamatória crônica que pode afetar várias articulações. A causa é desconhecida e acomete as mulheres duas vezes mais do que os homens. Inicia-se geralmente entre 30 e 40 anos e sua incidência aumenta com a idade.

Quais são os sintomas?

Os sintomas mais comuns são os da artrite (dor, edema, calor e vermelhidão) em qualquer articulação do corpo sobretudo mãos e punhos. O comprometimento da coluna lombar e dorsal é raro mas a coluna cervical é frequentemente envolvida. As articulações inflamadas provocam rigidez matinal, fadiga e com a progressão da doença, há destruição da cartilagem articular e os pacientes podem desenvolver deformidades e incapacidade para realização de suas atividades tanto de vida diária como profissional. As deformidades mais comuns ocorrem em articulações periféricas como os dedos em pescoço de cisne, dedos em botoeira, desvio ulnar e hálux valgo (joanete).

Além das articulações outros podem ser acometidos?

Sim, porém menos comumente outros órgãos ou tecidos como a pele, unhas, músculos, rins, coração, pulmão, sistema nervoso, olhos e sangue podem apresentar alterações. A chamada Síndrome de Felty (aumento do baço, dos gânglios linfáticos e queda dos glóbulos brancos em paciente com a forma crônica da AR) também pode ocorrer.

Como é feito o diagnóstico?

Segundo o  Colégio Americano de Reumatologia  o diagnóstico de artrite reumatóide é feito quando pelo menos 4 dos seguintes critérios estão presentes por pelo menos 6 semanas:

1. Rigidez articular matinal durando pelo menos 1 hora
2. Artrite em pelo menos três áreas articulares
3.Artrite de articulações das mãos: punhos, interfalangeanas proximais (articulação do meio dos dedos) e metacarpofalangeanas (entre os dedos e mão)
4. Artrite simétrica (por exemplo no punho esquerdo e no direito)
5. Presença de nódulos reumatóides
6. Presença de Fator Reumatóide no sangue
7. Alterações radiográficas: erosões articulares ou descalcificações localizadas em radiografias de mãos e punhos.

O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento são fundamentais para o controle da atividade da doença, prevenção da incapacidade funcional e lesão articular e o retorno ao estilo de vida normal do paciente o mais rapidamente possível.

Quais os exames devem ser feitos?

Apenas o médico especialista pode avaliar quais exames devem ser solicitados a cada paciente. Na avaliação laboratorial o fator reumatóide pode ser encontrado em cerca de 75% dos casos já no início da doença. Anticorpos contra filagrina/profilagrina e anticorpos contra peptídio citrulinado cíclico (PCC) são encontrados nas fases mais precoces da doença mas apresentam um custo maior. As provas de atividade inflamatória como o VHS e a proteína C reativa correlacionam-se com a atividade da doença. Exames de imagem como radiografias, ultrassonografias, tomografias, ressonância, etc podem ser solicitados pelo médico reumatologista após a avaliação de cada quadro clínico individualmente.

Como é o tratamento?

O tratamento medicamentoso vai variar de acordo com o estágio da doença, sua atividade e gravidade, devendo ser mais agressivo quanto mais agressiva for a doença. Os antiinflamatórios são a base do tratamento seguidos de corticóides para as fases agudas e drogas modificadoras do curso da doença, a maior parte delas imunossupressoras. Mais recentemente os agentes imunobiológicos passaram a compor as opções terapêuticas. O tratamento com antiinflamatórios deve ser mantido enquanto se observar sinais inflamatórios ou o paciente apresentar dores articulares. O uso de drogas modificadoras do curso da doença deve ser mantido indefinidamente. O tratamento medicamentoso é sempre individualizado e modificado conforme a resposta de cada doente. Em alguns pacientes há indicação de tratamento cirúrgico, dentre eles cita-se a sinovectomia para sinovite persistente e resistente ao tratamento conservador, artrodese, artroplastias totais, etc.

Fisioterapia e terapia ocupacional contribuem para que o paciente possa continuar a exercer as atividades da vida diária. A proteção articular deve garantir o fortalecimento da musculatura periarticular e adequado programa de flexibilidade, evitando o excesso de movimento.  O condicionamento físico, envolvendo atividade aeróbica, exercícios resistidos, alongamento e relaxamento, deve ser estimulado observando-se os critérios de tolerância de cada paciente.

E o acompanhamento médico?

Na artrite reumatóide, assim como em várias outras doenças reumáticas crônicas, o seguimento pelo médico reumatologista é imprescindível e deve ser contínuo. Os intervalos entre as consultas variam de paciente para paciente. Em alguns casos avaliações mensais são necessárias enquanto em outros casos, com doenças de menor gravidade ou controladas, intervalos maiores entre as consultas podem ser estabelecidos.  Exames de acompanhamento são feitos com freqüência para avaliar a atividade da doença e efeitos colaterais das medicações. Apenas o médico pode diminuir ou aumentar a dose das medicações, modificar o tratamento quando necessário ou indicar a terapia de reabilitação mas adequada a cada caso.

Fonte: http://reumatologia.org.br

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